Parte 1 – Por que a mídia só fala de tragédias e não das notícias boas que acontecem na mesma proporção no mundo?
A maioria das pessoas tem uma visão bem negativa sobre o
mundo e sobre a sociedade. Dizem que está fadada a escuridão, afinal, todos
somos corruptos, desonestos, interesseiros, covardes e outros adjetivos que
classificam a raça humana como algo desprezível e destruidora de tudo que há de
bom. É óbvio que, nós humanos, temos grande responsabilidade por alguns problemas
que o planeta está passando (por exemplo, o aquecimento global e todas suas
consequências, como os constantes e poderosos desastres ambientais, o
agravamento do efeito estufa, a diminuição da biodiversidade, o desequilíbrio
ambiental de maneira geral). Porém, temos uma tendência enorme a sempre pensar
negativamente e ver os acontecimentos pelo seu lado ruim.
Pense no Brasil atualmente. Você acha que a maioria das
pessoas vai pensar nas belezas naturais, na grande diversidade cultural e
racial, no fato de uma das 10 maravilhas do mundo atual estar aqui, na vasta
biodiversidade, que contém espécies que existem apenas aqui, no povo altamente
acolhedor que sempre recebe grandes elogios dos estrangeiros que viajam para
cá, ou na corrupção que aparece em grandíssima escala, nos casos de preconceito
que de vez em quando aparecem (pode parecer que são muitos, mas explicarei o
porquê disso mais tarde), no extenso desmatamento ocorrendo em nossas florestas
e destruição de nossa biodiversidade, no povo desonesto que leva tudo no
“jeitinho brasileiro” e quer sempre se dar bem, não importando os métodos ou
quem ele afeta?
Pense no Oriente Médio. Você acha que a maioria das pessoas
vai pensar nos seus desertos cheios de animais exóticos, nas suas belíssimas
paisagens e belezas naturais (pesquise sobre a Cachoeira Tortumn na Turquia, o
Red Canyon, em Israel, na Província de Asir e a Caverna Jabal Qara, na Arábia
Saudita, o Wadi Rum, na Jordânia, a Ilha Socotra, no Iêmen, o Mar Morto ou os Fiordes de Musandam, no Omã
e muitos outros), na sua crucial importância para o comércio de petróleo no
mundo, ou em ataques terroristas, guerras a todo momento, a população passando
fome e fugindo com medo, armas e mortes?
Cachoeira Tortumn, Turquia |
Voltando
ao Brasil. Usarei exemplos bem opostos, para mostrar que acontece em todo
lugar: Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro.
Pense
na ex-presidente Dilma. Você acha que pensarão no fato do Brasil ter diminuído
o número de pessoas que passam fome para menos de 5% da população, ter trazido
mais médicos para cá, ter diminuído o número de pessoas em extrema pobreza para
2% da população, no Programa Minha Casa Minha Vida ter beneficiado 6,8 milhões
de brasileiros, ou no fato de ela e sua péssima administração, junto com a do
ex-presidente Lula ter completamente afundado o país para níveis impensáveis e
os casos de corrupção no PT?
Agora
pense no Bolsonaro. Você acha que pensarão no fato de ele ser um dos únicos
políticos não corruptos no Brasil e ter como uma de suas principais bandeiras a
luta contra a corrupção que tanto prejudica o país, ter proposto leis para a
punição severa de estupradores, ter sido chamado por Joaquim Barbosa como o
único político que não se vendeu e ter o pulso forte necessário para um
presidente, ou nas suas diversas declarações contra a minoria, principalmente
homossexuais, citações a torturadores e depoimentos um tanto quanto
mal-educados, que lhe renderam críticas dizendo, por exemplo, que contribui com
a “cultura do estupro”? Nesse caso em especial, veja como o ponto de vista pode
ser mudado completamente. De um lado, ele luta contra o estupro propondo leis
como a castração química, e do outro, como alguém que contribui com o estupro,
inclusive já foi chamado de estuprador! São dois lados inteiramente opostos.
Bom,
talvez você tenha pensado no lado positivo de um desses exemplos. Ou de alguns.
Ou de todos. Mas se você realmente pensou assim, você é a minoria. A esmagadora
maioria sempre tende a ver o lado negativo.
Um
estudo do Instituto Gallup, que inclusive rendeu a criação de um livro,
”Descubra seus pontos fortes”, mostrou mais um exemplo de como as pessoas
tendem a pensar no lado ruim. Foi feita a pergunta: “O que você acha que vai
ajudá-lo a melhorar: conhecer seus pontos fortes ou conhecer suas fraquezas?”,
a dois milhões de pessoas. E fosse americana, inglesa, francesa, canadense,
japonesa ou chinesa, fosse jovem ou velho, rico ou pobre, altamente instruída
ou nem tanto, a resposta era sempre a mesma: as fraquezas merecem mais atenção.
Em países como o Japão e a China, por exemplo, apenas 24% acreditam que
deveriam investir nos pontos fortes.
Isso
só mostra como é natural, e quase inconsciente do ser humano focar nas
fraquezas, no lado ruim de tudo, nas notícias ruins e tragédias.
Porém,
não se sinta culpado por pensar assim, por ser tão naturalmente negativo. A
mídia simplesmente ama esses assuntos, corrupção, guerras, desastres naturais,
e fica te alimentando isso o tempo todo. Você só recebe notícias desanimadoras,
e quase nunca apaixonantes, inspiradoras e excitantes. A mídia não gosta desse
tipo de notícia. Os prêmios de jornalismo vão, muito frequentemente, para
notícias com o foco em situações desesperadoras, desastrosas e alarmantes. Por
exemplo, o Prêmio Petrobras de Jornalismo Nacional de 2015 foi dado a uma
reportagem que explicou como a crise hídrica afetou negativamente a geração de
eletricidade e o que se deve fazer para diversificar as fontes elétricas do
país (isso é uma estratégia de manipulação da mídia, criar problemas e depois
oferecer soluções, e será abordada na parte 2) e porque a geração de energia
termelétrica deixou as contas dos brasileiros mais caras. Está vendo, sempre
com as notícias ruins e a estratégia de criar problemas e oferecer soluções.
Quando você vai a uma livraria, o que encontrará? Livros, claro. Isso é o produto de
uma livraria, é isso que ela vende, é com isso que ela fatura. Quando você vai
a uma farmácia, o que encontrará? Remédios e produtos de beleza, claro. Isso é
o produto de uma farmácia, é isso que ela vende, é com isso que ela fatura.
Quando você vai a um restaurante, o que encontrará? Comida, claro. Isso é o
produto de um restaurante, é isso que ele vende, é com isso que ele fatura.
Quando você liga a TV ou o rádio para assistir/ouvir o noticiário ou lê um
jornal, o que encontrará? Tragédias, notícias ruins que te deixam com medo,
claro. O medo leva a audiência e a audiência, ao dinheiro. Isso é o produto da
mídia, é isso que ela vende, é com isso que ela fatura.
Infelizmente,
é disso que o povo gosta. Da tragédia. Você já se flagrou sentindo-se bem
quando uma pessoa tropeça? Já sentiu vontade e gosto em humilhar alguém em
público ou fugir de sua responsabilidade e culpar os outros por suas faltas?
Muita gente já, por mais insensível e pobre de valores que isso pareça. Nós,
humanos, temos uma sensação agradável à custa de sensações desagradáveis dos
outros. E isso reflete diretamente no fato de notícias ruins, tragédias e
desastres serem o que nos atrai. Serem o que nos faz ligar a TV, o rádio ou
abrir o jornal ou revista. A mídia apenas se aproveita desse sentimento canibal dos homens.
Portanto,
é responsabilidade de cada um de nós mudar isso. Parar de prestar atenção nas
tragédias e passar a nos importar mais com tudo de bom que acontece no mundo.
Aliás, que acontece com até maior frequência que os desastres. Neste exato
momento que você está lendo esse blog, mais pessoas estão se abraçando e se
beijando do que estão se matando. Então, faça um favor a si mesmo, e esqueça as
tragédias. Desconecte-se das energias
ruins e conecte-se com as boas. Perceberá que as notícias boas que passavam tão
despercebidas que você nem notava aparecerão demasiadamente. Desvie sua atenção para todo o bem que está sempre ocorrendo no mundo. Vale
muito a pena. Não só ficará automaticamente mais alegre e motivado, como poderá
alegrar outros passando as notícias adiante, e também se distanciará cada vez
mais da manipulação da mídia.
Perfil do Autor
Gabriel Gomes
Não sou de humanas. Me tirem daqui, socorro!
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Gabriel Gomes
Não sou de humanas. Me tirem daqui, socorro!
Super direto e preciso. Muito bem escrito.
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